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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Igreja Católica vendia lugares no céu?

Essa frase ouvimos muito, e sempre com risinhos dizendo que realmente a Igreja fez esse tipo de abominação... segue de onde vem essa história. Nós católicos precisamos conhecer nossa Igreja para poder defendê-la de quem não a conhece e a acusa!

Abraços fraternos
João Batista

A IGREJA CATÓLICA VENDIA LUGARES NO CÉU?


A Igreja Católica vendia lugares no Céu? É claro que não!
Para que possamos compreender como responder a esta absurda acusação, é necessário que compreendamos a doutrina das Indulgências. O pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave [chamado pecado mortal (1Jo 5,16); é aquele que é cometido deliberadamente e conscientemente em matéria grave] priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos torna incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo o venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado Purgatório.

Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Estas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas antes como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, não subsistindo mais nenhuma pena.
O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. O cristão deve esforçar-se, suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora de enfrentar serenamente a morte, aceitar como uma graça essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, através de obras de misericórdia e caridade, como também pela oração e diversas práticas de penitência, a despojar-se completamente do "velho homem" para revestir-se do "homem novo". (Novo Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 1472 e 1473). A pena eterna do pecado nos é perdoada pelo Sacramento da Reconciliação (Confissão - Cf. Jo 20,23). Quando recebemos a absolvição sacerdotal, temos perdoada a pena eterna, mas não a temporal. Afinal, Jesus disse que devemos "pagar até o último centavo" (Mt 5,26).

O que significa isso? Isto significa que quando pecamos deliberadamente (ou seja, não é um acidente- como derrubar sem querer algo pela janela e alguém ser atingido pelo objeto que cai, morrendo em conseqüência do impacto) e conscientemente (ou seja, quando sabemos que tal coisa é errada e mesmo assim a fazemos) em matéria grave (ou seja, em algo importante), estamos escolhendo dizer "não" a Deus e "sim" àquilo que escolhemos fazer: "sim" ao prazer proibido, "sim" ao fruto do roubo - logo ao ato de roubar, "sim", em suma, àquilo que colocamos naquele instante como valendo mais do que Deus, mais do que a Salvação.
Esta escolha é aceita por Deus. Passamos a não mais ter a Sua graça, que trocamos pelo pecado. Este efeito (a perda da graça de Deus) é eterno; apenas pela absolvição sacramental (pelo Sacramento da confissão) podemos recuperar a Graça. Há também um outro efeito: ao fazer isso, nós de uma certa forma nos acostumamos a dizer "não" a Deus. É por isso que é mais fácil pecar pela centésima que pela primeira vez. Abismo atrai abismo, diz o ditado. Esta conseqüência é chamada "pena temporal do pecado". Ela não ocorre apenas quando pecamos mortalmente; quando cometemos um pecado venial (ou seja, um pecado que não é mortal, que não se inclui nas condições acima), também passamos a ter "um apego prejudicial às criaturas", também passamos a achar mais fácil dizer "não" a Deus.

Como podemos nos livrar desta pena temporal?
A pena eterna, já o vimos, é perdoada pelo Sacramento da Confissão. E a temporal? A remissão da pena temporal pode ser feita pela caridade, oração e penitência. Um costume muito antigo na Igreja é o das penitências públicas; o penitente, desejoso de pagar a pena temporal de seu pecado, após a absolvição sacerdotal ia para a rua para publicamente pagar por seu pecado.

Esta forma pública e pesada de penitência, entretanto, muitas vezes era impossível de cumprir para muitos, por razões de idade ou saúde. A Igreja então, por misericórdia, apelou para o seu Tesouro de Méritos (as orações e obras de todos seus membros, vivos e mortos), e passou a indulgenciar alguns atos já por si meritórios.
O que é o tesouro de Méritos?
Imaginemos por exemplo Madre Teresa de Calcutá: sua santidade era assombrosa. Mesmo assim, ou talvez até por causa disso, ela fazia penitências constantemente. Não tratava de seus dentes, para poder usar a dor de suas cáries como penitência. Fazia também caridade como poucos fizeram; sua história é conhecida.
Orava também ao menos quatro horas por dia. Será que ela teria tantos pecados assim, que fosse necessário orar tanto, fazer tanta penitência, tanta caridade, para que pudesse livrar-se das conseqüências temporais do pecado? Claro que não.
Ela o fazia porque sabia que aquilo que não lhe servisse, aquilo que fosse "excessivo" seria adicionado ao tesouro de Méritos da Igreja. Suas orações, sua caridade e suas penitências foram colocadas à disposição da Igreja, para que a Igreja pudesse dispor delas em favor de pessoas que precisassem. É através das indulgências que a Igreja distribui estes méritos, que a Igreja faz com que outras pessoas possam ser beneficiadas pelas orações, caridade e penitências "excessivas" de seus membros. Dentre os atos indulgenciados pela Igreja podemos contar, por exemplo, a oração feita em um cemitério no dia de Finados, a participação na construção de uma catedral, e muitos outros.

Pela instituição das indulgências, a Igreja proporciona a seus membros uma participação neste Tesouro de Méritos; como se um alimento que já é nutritivo (uma boa ação) fosse "vitaminado", passando a ter um efeito mais salutar que quando não "vitaminado" (ou seja, passando a ter uma ação maior na remissão da pena temporal do pecado que quando não é indulgenciado).
A Igreja como que distribui entre seus fiéis, através das indulgências, os "centavos" que devemos pagar até o fim (nas palavras do Senhor em Mt 5,26), ajudando-os assim a chegar à perfeição.
A Indulgência corresponde a um período de penitência pública. Uma indulgência de cem dias, por exemplo, referir-se-ia a cem dias de penitência pública. Hoje em dia, por não haver mais penitências públicas (a não ser em alguns lugares, como as Filipinas), as pessoas perderam de vista o referencial que era então usado, e a Igreja passou a classificar as indulgências apenas como plenárias (remissão total da pena temporal) ou parciais.
Para que uma indulgência possa ser recebida, porém, é necessário que sejam cumpridas algumas condições:
1. Deve ter sido feito um exame de consciência rigoroso e minucioso, seguido de Confissão e subsequente absolvição sacerdotal, além de assistir a Missa completa e comungar.

2. A pessoa que faz o ato indulgenciado deve ter absoluto horror aos pecados que cometeu e a firme intenção de não mais cometê-los.

3. Ela deve ter em mente seu desejo de lucrar a indulgência associada ao ato enquanto o executa.

Dentre as ações indulgenciadas, havia algumas que podiam ser feitas de maneira indireta (o que foi proibido no século XVI, por haver uma compreensão errônea da doutrina por muitos). Um exemplo disso seria a participação financeira na construção de uma catedral.
Ora, para que alguém lucre uma indulgência, é necessário que antes tenha se confessado (afinal, São João escreveu que não adianta orar pelo irmão que cometeu um pecado que é de morte - 1Jo 5,16 É preciso que ele antes obtenha o perdão deste pecado - Cf. Jo 20,23). Para lucrar uma indulgência, portanto, a pessoa já deve ter sido absolvida da pena eterna de seu pecado, que a levaria ao Inferno.
Indulgências, portanto, nunca poderiam levar para o Céu alguém que por seus atos escolheu o Inferno. Além disso, há a necessidade de que a pessoa tenha horror ao pecado cometido e firme intenção de não mais pecar.
As indulgências não podem ser aplicadas aos pecados ainda a cometer, apenas aos já cometidos, e mesmo assim apenas nas condições expostas acima. A indulgência é na verdade muito menos "indulgente" que a doutrina humana da garantia de salvação dos crentes independentemente dos pecados posteriores à sua conversão, pregada por muitos protestantes. Dificilmente isso poderia ser considerado venda de lugares no Céu!...

Para citar este artigo:
RAMALHETE, Carlos. Apostolado Veritatis Splendor: A IGREJA CATÓLICA VENDIA LUGARES NO CÉU?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/3843. Desde 03/02/2002.

ESPIRITUALIDADE DO ADVENTO

ESPIRITUALIDADE DO ADVENTO



Advento vem do latim adventus. Significa "chegada", do verbo advenire: "chega a". É o primeiro tempo do Ano Litúrgico, o qual antecede o Natal.


Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, durante o qual os fiéis, esperando pelo nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento, promovem a fraternidade e a paz.
No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal. O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor Jesus, como uma noiva que se enfeita e se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.


O Advento começa às vésperas do domingo mais próximo do dia 30 de novembro e vai até as primeiras vésperas no Natal de Jesus, contando quatro domingos.
Ademais, esse tempo possui duas características: nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história. As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de dezembro, visam em especial à preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós.
Por isso, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa. Isso por que nos recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere como Igreja militante, no caráter missionário da vinda de Cristo.
Este caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e por sua acolhida no coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da vida missionária de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
Celebrar o Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referência e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não a pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus e não dos bens terrenos.
O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da sua vinda. É necessário que preparemos o caminho do Senhor em nossas próprias vidas, lutando incessantemente contra o pecado e as fraquezas, mediante uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra de Deus.
Portanto, para vivenciar esse tempo litúrgico da nossa Igreja, é preciso reviver alguns valores que são essenciais em nossa vida de cristãos, como: a esperança, a pobreza, a conversão.
Desta forma, exclamaremos em brado de glória junto com toda a Igreja: Maranatha! Vem Senhor Jesus!
Vagne Gama dos Santos
Seminarista claretiano