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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A nova década de um mundo envelhecido

A nova década de um mundo envelhecido
População mundial: do auge ao fracasso


Por Pe. John Flynn, L.C.


ROMA, terça-feira, 2 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).– As Nações Unidas acabaram de publicar um relatório chamando atenção sobre o rápido envelhecimento da população mundial. Pouco depois do começo do ano, o Departamento de Assuntos Econômicos publicava seu relatório “Envelhecimento da População Mundial 2009”.

Entre os principais resultados do relatório estavam os seguintes pontos:

- O envelhecimento atual não tem comparativos com a história. É esperado que, para o ano de 2045, o número de pessoas com mais de 60 anos supere o número de menores de 15. Nas regiões mais desenvolvidas, onde se tem avançado o envelhecimento, essa situação já aconteceu em 1998.

- A idade média atual do mundo é de 28 anos, com a metade da população mundial acima dessa idade e outra metade abaixo. Na metade do século a idade média chegará provavelmente aos 38 anos.

- O envelhecimento está afetando quase todos os países do mundo, devido à diminuição de fertilidade que tem se tornado quase universal.

- O envelhecimento terá uma forte impacto no desenvolvimento econômico, investimentos, mercados trabalhistas e fiscais.

- Dado que a taxa de fertilidade é pouco provável que suba novamente para os níveis elevados do passado, o envelhecimento é irreversível e as populações jovens, algo até recentemente comum, serão mais raras no século XXI.

- No âmbito mundial, existe atualmente cerca de 9 pessoas na idade de trabalho que sustentam cada pessoa idosa. Em 2050, cairá para 4, com consequências graves para o sistema de pensões. Além disso, a atual crise econômica trará um grave declínio do valor dos fundos de pensão.

Mais relatórios

Outros relatórios recentes da ONU examinam em maior profundidade os problemas demográficos de cada país. Um estudo do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP), nomeado “Rússia frente aos Desafios Demográficos”, previu que a população vai continuar a diminuir, informou em 4 de outubro Associated Press.

Segundo a UNDP, a população da Rússia baixou 6,6 milhões desde 1993, apesar do afluxo de milhões de imigrantes. O relatório advertiu que em 2025 o país poderia perder outros 11 milhões de pessoas.

As consequências de tal redução serão, segundo a UNDP, o corte de mão de obra, o envelhecimento da população e o menor crescimento econômico. Em 2007 a Russía era o nono país do mundo em população. Em 2050, as Nações Unidas estimam que a Rússia irá ocupar o posto de décimo quinto na lista, com uma população menor do que o Vietnã.

A Rússia necessita reduzir seu alto índice de abortos para contrapor a tendência de diminuição da população, advertia a ministra da Saúde do país, Tatyana Golikova, informou em 18 de janeiro France Presse.

Golikova declarou que em 2008 houve 1.714.000 nascimentos na Rússia e 1.234.000 abortos.

Em sua análise de 20 de janeiro às declarações de Golikova, o centro de geopolítica Strarfor observava que, ainda que a ministra anuncie que em 2009 houve um ligeiro aumento da população da Rússia entre 15 a 25 mil habitantes, isso se deve a causas extraordinárias.

O aumento se deve, em parte, aos incentivos do governo para que os russos voltem a seu país desde as antigas repúblicas soviéticas. Depois de vários anos desse fluxo migratório, o número de russos que querem voltar diminuiu com rapidez.

Outra causa do ligeiro aumento da população é que o grupo de idade entre 20 e 29 anos soma cerca de 17% da população e se demonstra bastante fértil. A geração nascida antes dessa, no entanto, foi muito menos.

Falta de meninas

Ainda que o Vietnã esteja a ponto de superar a Rússia, o excesso de abortos naquele país está causando graves problemas, segundo o relatório de agosto de 2009 publicado pelo Fundo de População das Nações Unidas.

O estudo “Mudanças recentes na proporção entre os sexos nos nascimentos no Vietnã. Uma Revisão de Evidências”, examinava o problema dos abortos seletivos por sexo.

Normalmente a proporção dos sexos ao nascer (definida como o número de meninos nascidos por cada cem meninas), está entre 104-106/100.

Essa proporção, explicava o informe, é, em circunstâncias normais, bastante estável ao longo do tempo, em regiões geográficas, continentes, países e raças.

Os estudos sobre a porcentagem de sexos revelaram uma mudança inesperada, que começou nos anos oitenta em alguns países asiáticos, comentava a agência das Nações Unidas. “Junto ao declínio de fertilidade, essa tendência está se estendendo por países com grandes populações da Ásia, ameaçando assim a estabilidade demográfica mundial”, continuava o relatório.

No Vietnã, a proporção entre os sexos ao nascer para o ano de 2006 foi de 110/100 crianças do sexo masculino. Segundo o relatório, a mudança na proporção começou faz cerca de uma década e atualmente está aumentando em quase um ponto por ano. Nesse ritmo atual de mudança, a proporção pode superar a marca de 115 em alguns anos, estabelecia o relatório.

Se essa tendência não se inverter, o Fundo de População adverte que em 2025 o Vietnã terá um excesso significativo de população masculina. Isso terá muitas consequências negativas para o país e afetará especialmente a população adulta jovem no momento de se casar.

O fenômeno de “falta de meninas” é bem conhecido na China. Um relatório recente confirmava a prática de abortos seletivos por sexo. A Academia Chinesa de Ciências Sociais afirmou que haverá mais de 24 milhões de homens que não poderão encontrar uma esposa no final dessa década, informou em 12 de janeiro o jornal Times.

A reportagem culpava por esse desequilíbrio a política da chinesa de ter somente um filho.

“O problema é mais grave nas zonas rurais, devido à falta de um sistema de segurança social”, indicava a reportagem. “Os camponeses idosos têm de se confiar na sua descendência”, observava.

Segundo o artigo do Times, um especialista chinês afirma que em 2006 a proporção de sexo havia aumentado para 120/100.

Declínio

No país vizinho, Japão, a população segue diminuindo. Um editorial publicado em 15 de janeiro no jornal Japan Times indicava que as estimativas do ministério de Saúde, Trabalho e Bem Estar da nação calculam que em 2009 a população diminuirá em 75 mil pessoas, que é 1,46 vezes o declínio de 2008.

Segundo o editorial, o Instituto Nacional de Investigação de População e Segurança Social estima que a população do Japão cairá dos 100 milhões em 2046 para 90 milhões em 2055. A população atual se estima em cerca de 128 milhões.

Enquanto surgem cada vez mais elementos de preocupação por envelhecimento de população do mundo e a diminuição dos índices de fertilidade, o governo dos Estados Unidos está no meio de uma dramático aumento de seu apoio à anticoncepção e ao aborto por todo o mundo.

A 8 de janeiro, a secretária de Estado, Hillary Clinton, discursou com ocasião do décimo quinto aniversário da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento que teve lugar em 1994 no Cairo, Egito.

Em sua intervenção, celebrava uma das primeiras atuações do presidente Barack Obama em seu cargo, que foi suspender as restrições de financiamento do governo federal às organizações que financiam o aborto nos países em desenvolvimento.

Também observava que os Estados Unidos renovaram seu financiamento ao Fundo de População das Nações Unidas e que o Congresso destinou 648 milhões de dólares em ajuda ao exterior para programas de planejamento familiar e saúde reprodutiva.

Prometeu ainda mais ajudas no futuro para levar ofertas de anticoncepcionais a todas as mulheres de cada nação. E também destacou o trabalho que o governo dos Estados Unidos está conduzindo junto à International Planned Parenthood Federation, conhecida por realizar milhões de abortos por ano.

O entusiasmo atual por fazer todo o possível para baixar a fertilidade está movido claramente por motivos ideológicos que não param para considerar as consequências econômicas de políticas que conduzem a um rápido declínio de fertilidade em um curto período de tempo.
Fonte: Zenit.org