O
fundamento bíblico que deve regular a modéstia cristã se acha em São
Paulo: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? [...] Não
sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que reside em vós?”
(1 Cor 6,15.19)
Uma
onda incontida de despudor, sobretudo por influição dos meios de
comunicação, envolve nossa vida social. Ultrapassam-se todos os limites
do bom senso com uma malícia diabólica. Certa vez, este articulista
disse a uma jovem mal trajada: “Se algum rapaz, num ímpeto errôneo de
paixão, a atacar, quem deverá ir para a cadeia é você que anda com
roupas indecentes, indecorosas, indignas de uma cristã”!
Tudo
que é flagrantemente provocador e atua para perverter a alma alheia
através da carne deve ser evitado. Ninguém pode ser pedra de escândalo
para os outros. Por vezes, até pessoas casadas, vêm se queixar com os
sacerdotes dizendo estar difícil viver de maneira cristã por causa do
traje de certas mulheres que lhes desencadeiam um turbilhão de maus
desejos por força de uma moda imoral. Trata-se de uma maré de
exibicionismo sensual e, o que é pior, até mesmo dentro das Igrejas e,
mais horripilo ainda, à hora sacrossanta das Missas. Tudo isto paira nas
raias do sacrilégio. É estar a serviço da tirania do mal.
A
um católico está vedado ir indecorosamente vestido a qualquer lugar,
mormente a um Templo. A Igreja, lugar santo, habitação especial de Deus,
onde Sua presença é mais real e efetiva e onde está Cristo, prisioneiro
de amor no Sacrário, o qual se imola, dia a dia, no santo sacrifício da
Missa pelos pecados da humanidade, merece um respeito, uma compostura e
uma conduta edificante, rigorosamente impecáveis.
Causa
pena como se profanam nossas igrejas, onde, sem a mais leve
preocupação, com um atrevimento que espanta, ignoram-se preceitos morais
tão sérios. Trata-se de um desafio à infinita bondade de Deus e uma
provocação a sua tremenda justiça Não é lícito, mormente no Templo,
exibir decotes escandalosos, roupas colantes ou transparentes, saias
curtas. Esta é a diretriz paulina: “Vossa modéstia seja notória a todos
os homens. O Senhor está próximo [...] Atendei a quanto há de
verdadeiro, de honroso, de justo, de puro, de amável, de louvável, de
virtuoso, de merecedor de louvor” (Filipenses 4, 5-8).
Mais
espantoso ainda é ir comungar desta maneira. O celebrante, por motivos
óbvios, não pode negar a Comunhão a certas pessoas que melhor estariam
numa praia do que num recinto sagrado. Entristecem-se, porém, os padres
zelosos diante de tanto desplante, ousadia, audácia, atrevimento. Há
pessoas que se esquecem que a sedução pecaminosa, além disto, já é, em
si mesma, uma falta grave perante o Ser Supremo.
Na
Europa há um santo rigor, uma vez que ficam guardas às portas das
Igrejas, impedindo que turistas entrem de qualquer maneira na Casa de
Deus. O que se olvida é que ser um autêntico católico supõe viver em
plenitude a modéstia, virtude sumamente agradável a Deus, manifestando,
por toda parte, pudor, decência, gravidade, compostura!
* Professor no Seminário de Mariana - MG