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terça-feira, 14 de maio de 2013

O culto das imagens




Quem melhor explicou o valor das imagens foi São João Damasceno no século VIII. Ele foi o campeão contra a heresia iconoclasta, defendendo ardorosamente, e com argumentos incontestáveis, as representações de Cristo, Maria, Anjos e Santos. 
 
Argumentava inclusive que o próprio homem foi criado à imagem de Deus e é por isso que se deve amar o próximo. Lembrava as sábias palavras de São Basílio, bispo de Cesaréia, que dizia: a veneração prestada à imagem transita para o protótipo, isto é, para aquele que é representado na imagem, e a partir do qual esta tira a sua forma. Ressaltava a importância sobretudo do Crucifixo: “Muitas vezes, sem dúvida, quando não temos a paixão do Senhor no espírito e vemos a imagem da crucificação de Cristo, lembramo-nos dessa mesma paixão e prostramo-nos em adoração, não ao material, mas àquilo de que ele é, imagem; da mesma maneira também não prestamos culto ao material do Evangelho nem ao da Cruz, mas ao que por eles é expresso”.

No que tange a Nossa Senhora, Anjos e Santos, presta-se o culto de veneração, por serem eles criaturas de Deus. No livro do Êxodo, como no do Deuteronômio (Ex 20,4; Dt 7,5) a proibição de imagens se refere à representação dos falsos deuses. Tanto isto é verdade que Deus mandou Moisés providenciar a imagem de uma serpente de bronze à qual o próprio Jesus se referiu como símbolo do Filho do Homem levantado na cruz (Jo 3,145 ss). A Moisés também mandou Deus fazer dois querubins para cobrirem o propiciatório (Ex 25,18 ss) e Salomão ordenou que se fizessem querubins e outras figuras, como leões e bois, no templo de Jerusalém (1 Reis 7,29).

Há que se distinguir imagem e ídolo. Imagem não é o mesmo que ídolo. Chama-se ídolo a uma imagem falsa, um simulacro a que se atribui vida própria, conforme explica o profeta Habacuc (2, 18). Eis o que claramente mostra Habacuc, dizendo: "Ai daquele que diz ao pau: acorda, e à pedra muda: desperta" (Habc 2, 19). A Bíblia narra no livro de Josué: "Josué prostrou-se com o rosto em terra diante da arca do Senhor, e assim permaneceu até à tarde, imitando-o todos os anciãos de Israel" (Jos 7, 6).

É evidente que não foram então idólatras Josué e os anciãos de Israel. Em todo decurso da História as imagens tiveram seus inimigos fortuitos. A imagem é uma lembrança que se torna fonte de graças por tudo que ela recorda a respeito do Redentor e das virtudes dos seus seguidores e servos fiéis. Os artistas, desde o início do cristianismo, se inspiraram nos temas bíblicos e na existência dos epígonos de Jesus para retratarem as cenas que através dos séculos embevecem as almas nobres e piedosas. As imagens são um meio e não um fim em si. Aristóteles, sábio filósofo grego, já dizia: “Nada está na mente que não tenha passado pelos sentidos”. É que o homem em sua vida sensitiva muito depende das coisas que o cercam.

A visão de uma imagem desperta na alma pensamentos salutares, o anseio de imitar o santo de sua devoção, a se sacrificar por Jesus crucificado, pelo Coração amantíssimo de Cristo, pois “amor com amor se paga”. Entre os orientais, as imagens possuem também grande importância. A grade que fecha o santuário tornou-se uma *iconostase, ornada de imagens. Os concílios ecumênicos sempre censuram a exclusão sistemática de imagens, como contrária à tradição cristã. A linguagem figurada do artista, escultor ou pintor, é de suma valia para a evangelização. As imagens são veículos aptos da fé e do amor dos cristãos. As representações visuais são aptíssimo instrumento para exprimir as verdades reveladas.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho Professor no Seminário de Mariana - MG 
 
Fonte: Entreredes http://www.entreredes.org.br/index.php?op=conteudo&wcodigo=13966