LIMA, 28 Out. 09 (ACI) .- O diretor do Escritório para a América Latina do Population Research Institute, Carlos Pólo, lamentou que a imprensa peruana ecoe as críticas contra o Tribunal Constitucional (TC) por sua sentença contra a distribuição da pílula do dia seguinte, sem investigar os interesses milionários de seus comercializadores no país.
"Chama poderosamente a atenção que diversos jornalistas simultaneamente acolham a mesma critica ao TC de que sua sentença é discriminatória contra as mulheres pobres. Mais ainda quando é o mesmo argumento, palavra por palavra, que se usou em outros países como o Equador e Chile recentemente", sustenta Pólo.
O perito pediu aos jornalistas que se façam a pergunta "quem ganha com sua venda ou se prejudica se esta é considerada ilegal?" assim encontrarão simplesmente uma resposta.
Para Pólo, o grande perdedor com a distribuição da pílula e a eventual proibição de sua venda é "principalmente um só laboratório: o dono da marca Postinor". Recordou que "em muitos outros países a marca Postinor pertence à Schering, líder mundial em venda de anticoncepcionais hormonais (pílulas e injetáveis) e há não muito tempo atrás Schering se fundiu com a Bayer".
"Eu o digo assim porque estranhamente no Peru essa marca é comercializada por um laboratório muito pequeno, Farmage, que se criou exclusivamente para o lançamento de Postinor no Peru", indicou.
"Farmage foi constituído para distribuir Postinor e por muito tempo foi sua única marca. Agora tem uma segunda marca para o Levonorgestrel 0.75 mg e outras marcas de pílulas combinadas. Fora do Postinor, a venda das outras marcas da Farmage é insignificante", sustentou Pólo.
"Postinor é a marca mais vendida de pílulas do dia seguinte no Peru lucrando mais de 3.5 milhões de Nuevos Soles (em torno de 1 milhão de dólares) nos últimos 12 meses", denunciou Pólo.
Só no Peru, "Bayer Schering com diferentes marca sob seu próprio nome mais as da Farmage, vende mais de 16 milhões de Nuevos Soles (mais de 5 milhões de dólares) por ano em pílulas e anticoncepcionais injetáveis. Se somarmos a esta cifra as vendas de Postinor, chega-se à cifra de quase 20 milhões de Nuevos Soles por ano. Isso constitui mais de 50 por cento do mercado dos anticoncepcionais".
Segundo o perito, disto se desprende que a eventual retirada da pílula prejudicaria a uma só empresa cujos interesses estão sendo defendidos "indiretamente" por ministros e funcionários públicos.
Fonte: ACI